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segunda-feira, 12 de março de 2012

ENTREVISTA


MARTINIANO COSTA, PRESIDENTE DA CUT-BAHIA, LIDERANÇA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES, TEM MAIS DE 30 ANOS DE INTENSA VIDA POLÍTICA.

AOS 53 ANOS, TEM SEU NOME COLOCADO COMO PRÉ-CANDIDATO A PREFEITO DE VALENÇA E FALA SOBRE A CONJUNTURA POLÍTICA, A SUA TRAJETÓRIA E COMO SE SENTE DIANTE DO QUADRO ATUAL QUE VAI DESENHANDO AS ELEIÇÕES DE 2012. TRANQUILO E BEM-HUMORADO, MARTINIANO RESPONDE A 10 QUESTÕES COLOCADAS EM PAUTA POR PARTIDOS POLÍTICOS E PELA IMPRENSA LOCAL.

CONFIRA!

1 - Como sua trajetória política influencia a indicação de seu nome como pré-candidato do PT às eleições para prefeito de Valença, em 2012?
Sou um militante político, ligado às causas sindicais, sociais e populares, há mais de 30 anos. Minha história de vida é pautada pela luta por justiça social, combate à pobreza, por mais e melhores empregos e por um mundo mais justo e humano. Fui vereador pelo PT em Valença de 2000 a 2004. Também fui candidato a deputado estadual pelo PT em 2002, obtendo uma expressiva votação em Valença. Essa vivência política me credenciou a chegar à presidência da CUT-BA, com muita honra. É também o reflexo de um trabalho sério e comprometido com as causas que defendo. A pré-candidatura não me pertence e sim a milhares de pessoas que me acompanham e me incentivam a continuar. Estou preparado para o maior desafio da minha vida. Me sinto muito feliz pela aceitação popular ao meu nome. Uma possível candidatura não é fruto somente da minha vontade, mas de uma gama de pessoas que me encentivam e me dão força para continuar. E eu não fujo da luta!

2 - Que diferenciais positivos você agrega para ser o próximo prefeito de Valença? Acha que a experiência na CUT o credenciou ainda mais para liderar esse projeto?
Sou filho de Valença. Amo minha terra. Como líder político, sindical e popular, tenho hoje boa relação com o governo estadual, federal, com o empresariado e com os trabalhadores. Sem dúvida, a experiência na presidência da CUT me ajudou na liderança política, tendo me preparado para lidar com desafios de gestão, como os que Valença vem vivendo atualmente. Sei que é preciso melhorar a vida das pessoas e, para isso, é preciso dialogar constantemente com elas em suas diversas representações. É a isso que tenho me dedicado. Meu principal interesse é utilizar a minha experiência e a minha vontade política para que Valença entre num ciclo de desenvolvimento sustentável, com um crescimento que acompanhe efetivamente o Brasil e a Bahia.

3 - Diante de tantos problemas que Valença apresenta hoje, o que você considera prioritário resolver? Quais serão as principais ações do seu Governo?
É preciso pensar Valença e o seu desenvolvimento globalmente, de forma interligada com as ações nacionais e estaduais, envolvendo as questões de segurança pública, agricultura, transporte, estradas vicinais, educação com oportunidades de geração de emprego e renda, fomento ao turismo e à cultura, esporte e lazer, saneamento básico, saúde pública, entre tantas outras. Na infra-estrutura do município, é preciso atuar na solução de problemas crônicos como o tráfego urbano, o anel rodoviário, o funcionamento do aeroporto, a modernização dos terminais marítimos, a orla do Guaibim, a habitação popular, inclusive na zona rural, investimentos para escoamento da produção da nossa agricultura, o lixão do Orobó, a despoluição do Rio Una, a preservação efetiva dos ecossistemas locais através das políticas de desenvolvimento sustentável e do ecoturismo.

4 - Algumas pessoas acham que você, como presidente da CUT, ficou fora de Valença e, por isso, não está vivendo os problemas daqui nos últimos anos. O que tem a dizer sobre isso?
Isso não é verdade. Minha família mora aqui e estou em Valença toda semana. Apesar de uma agenda lotada de compromissos importantes, nunca deixei de acompanhar as questões internas de Valença e, além disso, de me envolver pessoalmente para trazer o desenvolvimento para a cidade. Como membro do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia, o CODES, tenho atuado para influenciar as políticas públicas de desenvolvimento para o Estado como um todo, especialmente nas questões ligadas à valorização do trabalho e do trabalhador, das mulheres, dos jovens e dos idosos. Certamente que Valença estará sempre sinalizada como uma das prioridades. Minha luta nesses anos tem sido árdua para que sejam implantadas na cidade as políticas públicas necessárias para o desenvolvimento local e melhoria da vida do nosso povo.

5 - E essa briga interna do PT? Como pensa em viabilizar sua candidatura com a permanência dessa quadro?
Respeito o meu partido e estou pronto para assumir a responsabilidade que me cabe em buscar o melhor para a minha cidade. Creio que o bom senso deve prevalecer acima de quaisquer interesses individuais.

6 - Seu nome é o que mais tem crescido nas pesquisas pré-eleitorais para prefeito. A que você atribui isso?
Acho que as pesquisas são importantes, mas não me deixo pautar apenas por elas, pois quem define o resultado das urnas é o voto popular. Entretanto, acho que o meu crescimento nas pesquisas ocorre exatamente em virtude de minha incansável luta por uma Valença cada vez mais forte e desenvolvida, com mais oportunidades de vida para a população.

7 - Ouvimos muitos boatos de que já existe uma chapa formada da base aliada do Governador Wagner em Valença. Isso é verdade?
É legítimo que os partidos, quaisquer que sejam, se articulem para concorrer à prefeitura. Meu foco agora não é o envolvimento com essas questões, e sim, de efetivamente ajudar a construir um projeto político que tire Valença do ostracismo em que se encontra.

8 - Como vê uma possível aliança com toda a base que compõe as forças políticas dos governos Wagner e Dilma em Valença?
Lula, quando ganhou a eleição em 2003, estava aliado a partidos e lideranças políticas não tão queridas por quem sempre acompanhava o PT. Para uns, isso foi insuportável, tanto que muitos até saíram do partido. Para outros, os maduros, entenderam que era uma composição necessária à vitória de um governo popular, liderado pelo cara que obtinha a confiança do povo e da militância do PT para tocar o projeto. Sabíamos que talvez Lula nunca apoiasse aquelas lideranças que aderiram a ele, mas todo apoio é bem vindo, contanto que não descaracterize o projeto e não mude o foco da gestão. O apoio político tem que somar, sem contaminar o projeto principal. Ter liderança e firmeza garante isso. Estou muito tranquilo se a base cumprir o que vem afirmando: que apoiarão a candidatura da base aliada de Wagner e Dilma. Se for eu o candidato, saberemos conduzir o processo de aliança com maturidade e responsabilidade. Em todos os partidos existem pessoas qualificadas. A escolha da minha equipe será por mérito, pela competência técnica e fidelidade ao projeto de transformação social, ao governador Wagner e à presidenta Dilma, meus principais parceiros neste desafio. Acredito que para Valença, essa possibilidade de caminhar de mãos dadas com o governador Jaques Wagner e com a presidenta Dilma, usando do privilégio pessoal de ter começado a minha trajetória política lado a lado com eles, é uma oportunidade ímpar. Por isso, tenho convicção de que, como prefeito, poderei ajudar muito a minha cidade e ao meu povo. Estou com muita vontade e disposição para, junto com os meus irmãos de Valença, vencer mais este desafio.

9 - Alguns opositores do PT utilizam o seguinte argumento: Martiniano tem prestígio no Estado, depois de se tornar uma grande liderança sindical, tem trânsito nos governos estadual e federal, mas deveria trazer, mesmo sem mandato, obras pra Valença. Até dizem que você poderia resolver muitos problemas se quisesse. O que tem a dizer sobre isso? Qual o seu verdadeiro papel nesse contexto?
Olha, eu não tenho mandato de prefeito, vereador, deputado ou senador, como você mesmo afirma. O prefeito é o gestor do município e é papel dele dar assistência à população. Na CUT, represento mais de 3 milhões de trabalhadores e tenho lutado pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário para 40 horas semanais, por mais e melhores empregos, contra o trabalho análogo ao escravo, entre outros pontos. Na minha gestão, por dois mandatos consecutivos, tivemos conquistas importantes como o acordo que aumenta os ganhos reais do salário mínimo. Esse é o meu papel nesse momento: defender a classe trabalhadora de todo o Estado. Em Valença, desde que Wagner assumiu o Estado, a Educação tem sido priorizada, com a vinda de cinco colégios de Ensino Médio, quatro já em funcionamento. Na época, pedi ao Governador para olhar com carinho por Valença. Ele deu todo o apoio necessário para garantir o transporte escolar de qualidade e a DIREC-05 vem apresentando um desempenho que chamou a atenção de toda a Bahia, sendo a campeã na compra da merenda escolar pela agricultura familiar, recorde de reformas das escolas. Tenho ajudado as associações rurais e a CUT vem dando apoio à Central das Associações. Ajudamos a realizar um grande evento político com a assinatura de diversos convênios: a Festa do Dendê 2012. No ano passado, ajudamos a Feira da Agricultura Familiar. É de conhecimento público o quanto me empenhei para a vinda do Banco do Nordeste, um anseio de mais de 30 anos. E ainda mais: o alojamento, refeitório e calçamento das vias internas da Emarc; a Farmácia Popular e muito mais. Enfim, as pessoas não podem confundir os papéis. Sou presidente da CUT e militante do PT, mas não sou o prefeito de Valença. Quando for, os governos federal e estadual, com certeza, serão muito mais requisitados e os investimentos chegarão de forma significativa. Por enquanto, sou apenas pré-candidato.

10 - Martiniano, diante do atual quadro político de Valença, sem dúvida, essa é a maior chance que o PT tem de chegar à Prefeitura. Deixe sua mensagem e diga o que significará para Valença esse alinhamento com o Brasil e a Bahia.
Tenho passado nas ruas e recebido muito carinho das pessoas. Os olhares são de confiança e esperança numa Valença melhor. Fico emocionado em qualquer canto dessa cidade que visito. Tenho andado muito, dialogado, recebido apoios de liderança importantes. É uma alegria poder ser escolhido por tanta gente para liderar o resgate político da dignidade do povo de Valença. Vejo que as pessoas pedem hoje um governo do PT em Valença. Poder representar esse anseio é uma honra, principalmente por conta de minha origem, negro, filho de uma família pobre, que começou a trabalhar muito cedo, carregando feira e vendendo cebola desde os 12 anos. Lembro de meu trabalho na barraca do conhecido Lucas. Comecei assim e consegui ingressar na Emarc, onde concluí o curso técnico em Agrimensura, depois o curso de nível superior em História, pela UNEB. Me tornei professor com muito orgulho. Incentivei meus alunos a fazerem a boa política, a lutar por um mundo melhor. Hoje até me emociono quando vejo muitos deles nos movimentos sociais, liderando causas populares. Depois, me tornei liderança do SINTSEF - Sindicato dos Funcionários Públicos Federais, fui vereador em Valença, até chegar à presidência da CUT-BA por duas gestões. Essa é uma trajetória que não havia imaginado. Por tudo isso, agradeço sempre a Deus e depois, aos meus amigos e companheiros de jornada, homens e mulheres de coragem e de luta.

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