“É urgente e necessário que a população remanescente dos Quilombos seja reconhecida, que a sua história seja transmitida para as gerações posteriores, que as suas tradições e costumes sejam preservados e a sua história de luta e de resistência seja difundida, sobretudo nas escolas, pois, a invisibilidade e o menosprezo para com o povo negro que com suor e sangue doou-se na construção desta nação, gera o racismo e o preconceito que infelizmente ainda assolam a nossa nação”, disse a poeta e professora Maria do Carmo.
Em visita a Ilha de Boipeba, que integra o município de Cairu-BA, por ocasião da realização da 1ª Feira Literária (FLIPEBA), Maria do Carmo teve a oportunidade de visitar a Comunidade Quilombola de Monte Alegre, reconhecida e contemplada com este certificado pela FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES, onde segundo informações de moradores, vivem cerca de 32 famílias e 300 habitantes, ligados por laços de parentesco.
Uma senhora de prenome Maria que já tem idade superior a 70 anos, viúva e mãe de 10 filhos é a matriarca do Quilombo. Dona Maria e os demais habitantes do Quilombo demonstraram satisfação em morar nesta comunidade, sentem-se bem ao lado de seus familiares e não desejam sair para residir em outro lugar. Alguns jovens já saem da comunidade para trabalhar em comunidades circunvizinhas e em Boipeba, enquanto os mais velhos trabalham ali mesmo cultivando produtos agrícolas (aipim, banana, mandioca, limão), fazendo a coleta do dendê e da mangaba e outros são pescadores. Também criam galinhas, produzem o azeite de dendê, a farinha de mandioca e o beiju para sua subsistência e em pequena escala comercializam estes produtos.
Os moradores também relataram que comemoram as festas juninas com muita música, dança e com uma fogueira que acende por um período de 30 dias. Na comunidade ainda há casas de taipas ao lado de casas feitas de blocos, revelando a condição financeira de cada família. As crianças frequentam escola na própria comunidade e a água utilizada para beber é retirada de uma fonte que abastece todas as residências.
Maria do Carmo concluiu sua fala expressando a importância de conhecer uma comunidade quilombola presencialmente, já que até então ela conhecida apenas da forma resumida que é contada nos livros didáticos.
Matéria: Tribuna do Recôncavo
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