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terça-feira, 30 de novembro de 2021

Eleições 2022: O drama de ACM Neto e quem vai ao segundo turno na Bahia?


A última vez que teve segundo turno para o governo baiano foi em 1994, ano em que disputaram Paulo Souto (PFL), João Durval (PMN) e Roberto Santos (MDB), que não avançou. 

O carlista foi eleito. Desde então, as eleições estaduais foram definidas no primeiro turno, seja ela favorável ao PT ou ao atual Democratas. Os partidos que estão no poder, inclusive, sempre apostaram na polarização e temem que a disputa avance.

Nesse jogo de xadrez do ano que vem, embora alguns insistam no discurso construído que a disputa finaliza no primeiro tempo, sabemos, que isso é improvável, quase impossível nesse momento. Vejamos. Boa parte dos políticos acreditam que o PT abocanha, no mínimo, 30% dos votos enquanto o time do presidente da República, Jair Bolsonaro, carimba cerca de 25% nas urnas. 

Ou seja, estamos falando, apenas nessa conta rápida, de 55% do eleitorado. Isso sem contar nulos, brancos e abstenções. Sobre ACM Neto há dúvida grande, pois o mesmo pontua, conforme as pesquisas, em primeiro lugar.

Portanto, vai ter segundo turno na Bahia, não há dúvidas. A pergunta que não quer calar, é: quem vai ao segundo turno? O senador Jaques Wágner (PT), o ministro da Cidadania João Roma (Republicanos) que embaralha o jogo ou o ex-prefeito de Salvador, supostamente favorito, ACM Neto (União Brasil-DEM)?

Apesar de estar em primeiro lugar nas pesquisas, o pré-candidato com mais dificuldades ainda é ACM Neto, pois não conta nem com a máquina federal e nem com a máquina estadual. Obra para oferecer aos prefeitos quem tem? Roma e Wagner. Neto trabalha com a tática de vender esperança. Será que essa estratégia se sustenta?

O discurso que Roma não seria candidato já foi para o ralo. Já o discurso do desgaste do PT existe, é natural, mas quando a gente ver uma pesquisa com credibilidade apontar que Lula está lá em cima e o governador Rui Costa muito bem avaliado, gera dúvidas.

 Também sabemos que apoiadores do naipe do PP e do PSD, por exemplo, não vão entrar em aventura, não vão deixar a máquina.

Outro ponto importante: a vantagem do democrata para o segundo colocado, nesse momento e segundo levantamento do instituto RealTime Big Data divulgado ontem (29/11), é considerável, mas nada absurdo. Neto pontua na pesquisa estimulada 40% contra 30% de Wagner e 9% de Roma. Há ainda Bernadete (PSOL) com 3%. Brancos, nulos e não sabem somam 15%. 

Então, quando a “máquina” entrar em campo pode haver um baque. Lembra das eleições de Paulo Souto e Geddel que estavam na frente? Quando Lula e Wagner usaram sabiamente a força do 13 e do Governo Federal, foi fim de jogo e comemoração petista.

Para citar outro caso, vamos relembrar a vitória de João Henrique, em 2008, na disputa municipal. O então prefeito enfrentava Walter Pinheiro (PT) e ACM Neto (DEM). Ele tinha 70% de rejeição naquele ano, um verdadeiro desastre. 

Porém, ao seu lado estava o MDB, que colocou a máquina federal para operar. Deu JH contra o petista Pinheiro no segundo turno, o que demonstra mais uma vez a inegável força dos governos, seja ele federal, estadual ou municipal, em uma eleição.

Além disso, quando surgem notícias de que PL, MDB e Republicanos, por exemplo, poderão não apoiar Neto, a situação complica mais ainda. O DEM começa a sofrer um ataque direto na estratégia que traz como ponto principal a expectativa de vitória, pois os eventuais apoiadores podem começar a frear e esperar mais um pouco para uma decisão. Isso já traz outro grave problema: dificuldade em montar a chapa proporcional.

Portanto, meus amigos e minhas amigas, Neto não pode brigar mais nem com uma formiga e ele sabe disso, pois é um exímio estrategista. Não foi por acaso que ficou extremamente irritado ao perder João Roma, o seu melhor quadro político e agora pré-candidato, para o presidente Jair Bolsonaro, que fez um verdadeiro gol de placa. Neto já aprendeu que bons quadros sempre criam asas e não ficam em gaiola.

Na próxima quarta-feira, dia 2 de Dezembro, o presidente nacional do DEM lançará sua pré-candidatura ao governo. Essa é uma forma também de dizer para a Bahia que “dessa vez é para valer” e não existe possibilidade de recuar. Negar qualquer boato. Obviamente, não é o que o ex-prefeito queria, mas é necessário. 

O objetivo principal da investida é sair das cordas, parar de apanhar e desferir um golpe no PT e no bolsonarismo. Mas também é preciso muito cuidado com aglomerações para não sofrer um contra-ataque e ser chamado de genocida, como foi recentemente a cantora Cláudia Leitte. Um novo golpe contra Neto pode ser mortal.

Por Ramon Margiolle, editor do Informe Baiano

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