terça-feira, 28 de outubro de 2025

Baixo Sul baiano mantém protagonismo nacional na produção de cravo-da-índia

 

Desde o período colonial, o Baixo Sul da Bahia se destaca como o principal responsável pela produção nacional do cravo-da-índia, árvore também conhecida como craveiro, cujos botões secos são usados como especiaria.

Com mais de 3,3 mil produtores rurais envolvidos e cerca de R$ 250 milhões movimentados por ano, o cultivo representa uma importante fonte de renda para famílias agricultoras e comunidades rurais.

O setor, contudo, enfrenta desafios significativos, como o avanço de doenças fúngicas e a necessidade de renovação das plantações. Ainda assim, a força da organização comunitária, aliada aos esforços de instituições governamentais e de pesquisa, tem contribuído para revitalizar a produção.

A singularidade da cultura do cravo-da-índia na Bahia se deve a fatores históricos e, principalmente, às condições agroclimáticas da região do Baixo Sul, de acordo com o engenheiro agrônomo Assis Pinheiro Filho, diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri).

“O cravo (Syzygium aromaticum) foi introduzido no Brasil pelos portugueses, no período colonial. As primeiras sementes foram plantadas na região de Valença, onde a cultura se adaptou e floresceu por séculos. Embora outras regiões tenham tentado o cultivo, foi no Baixo Sul que ele se estabeleceu em larga escala”, explica.

Sobre as condições agroclimáticas, Assis acrescenta: “A cultura exige um clima específico, e o Baixo Sul oferece: alta umidade e chuvas bem distribuídas, ideais para o desenvolvimento da árvore; condições costeiras semelhantes às ilhas tropicais da Indonésia, origem da especiaria; e solos que suportam culturas perenes de longa vida útil, como o cravo e o dendê. A produção é concentrada em municípios como Valença, Ituberá, Taperoá, Camamu e Nilo Peçanha, permitindo a formação de um arranjo produtivo local (APL) e o desenvolvimento de competências específicas de manejo e colheita”.

A Bahia mantém destaque na exportação do cravo-da-índia em botão seco, tendo como principais destinos os Emirados Árabes, América do Sul, Paquistão e México. Entre as exportadoras está a Agrospice, empresa familiar sediada em Taperoá.

De acordo com Assis Pinheiro Filho, o plano visa fortalecer a produção regional e as exportações do estado, garantindo mais renda para os agricultores familiares e estruturando a cadeia produtiva com qualidade e sustentabilidade.

Entre as ações previstas estão a implantação do Selo de Indicação Geográfica (IG), que certifica a origem do cravo do Baixo Sul e agrega valor ao produto; o foco no controle de pragas, com assistência técnica e pesquisa; a erradicação de craveiros mortos por doença; a disponibilização contínua de assistência técnica aos produtores; capacitação em novas tecnologias agrícolas; e investimentos em melhoramento genético para o manejo sustentável das lavouras. Fonte: Jornal Atarde

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