quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Definição de nomes ao Senado vai apertar o juízo dos petistas

 

Parece que vai malograr a tentativa de o PT baiano excluir o senador Angelo Coronel (PSD) da chapa com que o governador petista Jerônimo Rodrigues vai tentar a reeleição em 2026. Pelo menos aos olhos da cúpula nacional do PT, o PSD, exatamente o partido de Coronel, é essencial para a vitória do petismo na Bahia nas próximas eleições. 
E a avaliação está lastreada em pesquisas hoje em posse de figuras como a ministra Gleisi Hoffman (Relações Institucionais), encarregada da relação com os partidos da base do presidente Lula no Congresso.

A evolução da percepção nacional sobre o que é necessário para Jerônimo vencer vem ocorrendo há alguns meses e decorre também da avaliação de que o presidente da República não pode abrir mão das vantagens consolidadas em Estados como a Bahia para conquistar a reeleição. Não deixa de ser um golpe, no entanto, no interesse do PT estadual de assegurar as duas vagas ao Senado na campanha do próximo ano a seus quadros, notadamente o senador Jaques Wagner e o ministro Rui Costa (Casa Civil), ideia expressa na chamada 'Chapa dos Governadores', alusiva aos três petistas.

Se o PT nacional avalia que o PSD é essencial na chapa e relaciona sua presença a mais uma tranquilidade para a campanha de Lula, não há porque o PT baiano discordar da análise, o que coloca um desafio para o partido no plano local gigantesco. Afinal, terá que decidir entre os dois nomes petistas quem irá compor a chapa - se Wagner ou Rui - preservando o PSD, que pode lançar tanto Coronel quanto qualquer outro nome de seu interesse. Em outras palavras, resolver as articulações para 2026 não será uma tarefa do partido de Coronel, mas do próprio PT, internamente.

Trata-se de tudo que os petistas não queriam. Foram deles, aliás, a ideia da chapa dos governadores, com que pretendiam alijar Coronel pela força da ideia de que os petistas concorrendo em três das quatro vagas da chapa governista seria o suficiente para o sucesso. Inteligente, a estratégia só não combinou com o cenário, marcado por um partido que enfrenta o desgaste natural de quase 20 anos de poder e passou a ser liderado por um governador que parece muito mais afeito à política, na qual tem desempenho excelente, do que à gestão, elemento primordial de avaliação da sociedade em processos de recondução.

Portanto, se, como o PT nacional avalia, o PSD é imprescindível e a disputa ocorrerá em casa, entre dois dos seus principais líderes, critérios terão que ser escolhidos para a definição de quem vai concorrer ao lado de Coronel. Rui saiu na frente ao defender a realização de uma pesquisa, convencido de que está na frente de Wagner na preferência do eleitorado para o Senado, ao que o senador retrucou dizendo que o processo de escolha dos candidatos não passa por sondagens desse tipo, mas pela política, isto é, o próprio PT, o qual ele controla, em mais uma indicação de que esse assunto vai dar pano para manga do lado governista.

Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

.

.