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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

“Morre” Sonho do Polo Industrial em Valença

Há exatamente dois anos – dia 07 de novembro de 2016 – estava sendo aprovado na Câmara de Vereadores de Valença, o projeto de expansão urbana,  de iniciativa do Poder Executivo, para construção do Polo Industrial de Valença, mas o que parecia ser um sonho de muitos comerciantes e da própria população que anseiam pela geração de emprego e renda, não tem mais perspectiva de sair do papel, é o que afirma Ademir Costa, empresário do ramo de informática há mais de 20 anos e ex-Secretário de Indústria e Comércio responsável pelo projeto do Polo Industrial para o município. O Vereador Adailton Francisco procurou o senhor Ademir para conhecer melhor as motivações da desistência de alguns empresários em investir no município. Ademir fez um breve histórico de como tudo começou, desde as primeiras idealizações, relatos das dificuldades enfrentadas pelos comerciantes e pela Secretaria na época, até o fim do projeto, que não se concretizou segundo ele, por “falta de vontade” da atual gestão. A princípio, a ideia de construção de um Polo Industrial começou em uma reunião da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) em 2014, onde Ademir estava presente e foi questionado pelo então Vice-Presidente da Federação Edison Nogueira, acerca das indústrias que Valença possuía e os fatores que levavam o município a “não aparecer” no mapa industrial do Estado. Depois de um estudo aprofundado sobre o setor, Ademir realizou uma pesquisa de CNAEs na Secretaria da Fazenda e para surpresa, conseguiu identificar 300 indústrias abertas em 2014, em pleno funcionamento no município. Então surgiu a ideia de organizar essas indústrias em um espaço que segundo ele, eliminaria os tipos de poluição existentes hoje na cidade ocasionados por essas indústrias, não traria prejuízos ambientais e possibilitaria a expansão das indústrias e de suas atividades, além de ocupar um espaço até então ocioso, em um local de grande visibilidade. Mesmo com a realidade do crescimento da taxa de desemprego em Valença, só no ano de 2014, 450 vagas ficaram ociosas em várias indústrias por falta de mão de obra qualificada. Com isso, o então Vice-Presidente da FIEB e Secretário de Indústria e Comércio acreditavam na viabilidade da implantação do Polo Industrial e como consequência, a instalação do SENAI no município, para a qualificação da mão de obra que seria utilizada no Polo. Em dois anos, muitas ações foram realizadas por Ademir e pelos empresários,80 investidores chegaram a assinar o termo de intensão, interessados em adquirir um dos 49 lotes no terreno de 32 hectares, localizado próximo a ponte do rio Patipe. O objetivo era fazer um “corredor econômico” entre Valença e Guaibim. Na época, a Secretaria de Meio Ambiente de Valença emitiu um parecer possibilitando a construção do polo nessa área escolhida, desde que atendesse as leis que regulamentam esses processos. A avaliação da área disponível foi criteriosa, mas parecia que naquele momento, tudo estava a favor dos comerciantes que pretendiam investir na área. O terreno apresentava proximidade de pontos de transporte público, da Estação de tratamento de água, do Módulo Policial e de duas torres de energia, além de ser um terreno plano e estar localizado em uma rota onde passam um milhão de pessoas em média, por ano, para Atracadouro e Guaibim. O projeto ainda contemplava lojas de Showroom na frente da área industrial, para atender atacado e varejo, com vitrines para exposição. Agora com o projeto pronto, cedido em 2015 pela União dos Prefeitos da Bahia (UPB), com o comprometimento dos empresários em depositar na conta do município R$1.300.000,00 para o pagamento do valor do terreno e do projeto elétrico, com as liberações da SUDIC e do INEMA, a classe empresarial enfrentava um novo desafio: uma nova gestão pública. Ao deixar o cargo de Secretário de Indústria e Comércio em 2016, Ademir juntamente com os empresários interessados no Polo, criaram uma empresa chamada de União Empresarial Valença. A empresa foi criada com o objetivo de executar o projeto do Polo, dessa vez de forma particular, já que o município tecnicamente não teria condições de doação do terreno. Então iniciaram o projeto do zero e encontraram mais um embargo, a necessidade do número do IPTU da referida área, que foi negado pela Receita Municipal, mesmo após a realização de quatro reuniões com o atual prefeito e o grupo de empresários.
O Polo Industrial, sonho de milhares de valencianos, geraria em média 1.000 empregos diretos, além dos indiretos e manter os empregos já existentes. Em sua fala, o empresário lamentou e disse que Valença perdeu todo esse processo, por não possuir a cultura do desenvolvimento em coletividade.
Isso fica claro para mim que Valença é uma cidade hostil aos investimentos. Isso não é de agora, da gestão de Ricardo. Isso é uma cultura de Valença. Eu já tive conhecimento de vários investimentos que viriam pra Valença e não vieram porque os prefeitos da época queriam receber propina para liberar o Alvará. Os empresários não farão isso. Eles já estão fazendo investimento, gerando emprego e renda e gerando impostos para o município.” Afirmou Ademir.
O empresário afirmou ainda que um município não cresce sem empresas e geração de emprego e renda e afirmou que não consegue ver um “norte” em Valença, observa que o município passa por um processo cultural antigo de não valorização do seu poder econômico e financeiro.
Em contrapartida, o atual Secretário de Industria e Comércio Paulo Martins, informou ao Vereador Adailton, que a atual Gestão viabilizou todo o processo para que a União Empresarial pudesse assumir o andamento do Empreendimento, conforme ofício encaminhado pelo Gestor e atual Secretário ao INEMA, que “outorgava à União Empresarial, a autonomia e independência, gerência e execução do Polo Industrial da cidade”. Este ofício foi protocolado em 02 de março de 2018.
Após ouvir as duas versões, o Vereador Adailton manteve contato com o Chefe da Receita Municipal, Beto Pinto, e foi informado que “o número do IPTU não foi disponibilizado para a União Empresarial devido a área estar localizada em um terreno que não foi contemplado no projeto de expansão urbana, aprovado na Câmara de Vereadores na gestão da ex-Prefeita Jucélia Nascimento”.
Na última terça-feira (06), o Vereador Adailton Francisco fez um pronunciamento na sessão da Câmara sobre a situação do Polo Industrial de Valença e suas perspectivas para o município.
Venho nessa tarde vereadores e vereadoras, trazer um assunto de grande relevância para nosso município. A possibilidade de geração de empregos em nossa cidade, que tem milhares de pessoas desempregadas e vejo com tristeza o desencontro de informações entre a gestão e os empresários interessados em ampliar suas empresas e aumentar o número de empregos em nossa cidade. Nessas conversas, observei algumas divergências de informações, por isso solicito uma Tribuna Livre, com a presença dos envolvidos no assunto para chegarmos a um entendimento e espero que tenhamos sucesso e que os empresários possam ter esse apoio do município, nós enquanto legisladores, vamos intermediar esse diálogo porque esse é um assunto muito importante para a população valenciana“, concluiu o Vereador.   Por Késsia Campos

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